terça-feira, 7 de agosto de 2012

Já é vintage blogar?

Desde que nao junte pó, eu volto.
Por causa do pó - aquele doméstico, não a manga rosa - nos últimos dias, fiz um movimento contrário ao dos hipsters portoalegrenses e joguei fitas cassetes, fitas de vídeos e todo e qualquer lixo eletrônico para a reciclagem.
Tenho visto muita coisa sobre acumuladores e venho de uma família de vários.
Esta coisa tem um nome mórbido, que é Síndrome de Miséria Senil. Como eu gosto de dizer, só não jogo fora o que tem rosto - isso inclui livros, mas não revistas. Inclui bonecas e, bizarramente, algumas camisetas.

Sou tão anticanceriana neste ponto, que gostaria de habitar um quarto igual ao do Vargas no Catete. Aquela coisa catre.
Por que acumular fisicamente se podemos digitalizar tudo? E esse tudo para mim só não inclui livros.
Sou adepta do mp3. Não fiz transição do LP pro CD. Pulei direto pro e-Mule. Mas livros não, livros eu preciso ter uma relação carnal com eles.
Eu aceito o novo com muita facilidade a acho que, por incrível que pareça, a humanidade está melhorando. Não, você não está livre de um bando de merda. Eles seguem por toda a parte, só que andam sendo confrontados com um espírito crítico ainda incipiente, mas jamais visto na história.
Mesmo que tenha muito ruído. O ruído é proporcional à quantidade de informação. Se havia lixo físico, hoje o lixo é mental.
Mas se há lixo, se há nome pra isso, é porque existe a percepção de que tem que ser jogado fora.
Este post assim tão Sandra de Sá, na época que era só Sandra Sá, a esta hora da madrugada, acho que tá me mandando jogar alguns sentimentos no lixo.
Apego ao passado envelhece, apodrece.
Fantasmas tenebrosos merecem ser exorcizados.


Esses dias, eu dizia que os Smiths criaram uma geração de incapazes de amar. Cumpadi Uóshinton não era lírico e iluminou a infância de muitas pessoas otimistas que estão aí, vendendo saúde e normalidade. Enquanto os filhos de Manchester padecem de eterna carência afetiva sem causa.
Muito eu critiquei o gosto da classe C e olha ela aí, ditando moda, nos fazendo sentir todos como suburbanos rodrigueanos.
A não ser, é claro, os portoalegrenses cool. Estes pairam acima das castas e da Carminha, embora sempre "acidentalmente" passem por algum capítulo de novela para poder falar mal.


Então tá. Prontos para a faxina verbal que só levanta mais o cheiro do ralo? Quem estiver afim de chafurdar na podridão das almas, sinta-se convidado a voltar à leitura deste blog que hoje retorna, direto da boca do lixo.

Um comentário:

camel disse...

ganhou de volta uma antiga leitora e me inspirou a jogar muita coisa fora...

bises, chérie!