terça-feira, 19 de agosto de 2014

Don't watch me dancing

Acordei com o despertador tocando Don't watch me dancing do Little Joy.
A notícia da noite anterior parecia só a sombra de um pesadelo. Meu mundo nunca mais existiu sem ti. Lá longe, tu existia e me dava o ar que eu respirava melhor quando estava perto de ti. Hoje, quase nove meses depois, neste parto da tua morte, eu ainda tô reaprendendo a respirar.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Eu me devo um livro

Por motivos óbvios, eu já sei como termina a história dele.
O livro que já faz dez anos que eu estou para começar precisa ser escrito.
Vou fazer a japonesa e começar pelo fim. 
Muita coisa vai ser retirada deste e do blog verde.
Pasmem, é uma história de amor.
A mais bonita que eu já conheci.


domingo, 26 de janeiro de 2014

Wild Honey









In the days
When we were swinging from the trees
I was a monkey
Stealing honey from a swarm of bees
I could taste
I could taste you even then
And I would chase you down the wind

You could go there if you please
Wild honey
And if you go there, go with me
Wild honey

Did I know you?
Did I know you even then?
Before the clocks kept time
Before the world was made

From the cruel sun
You were shelter
You were my shelter and my shade

If you go there with me
Wild honey
You can do just what you please
Wild honey
Yeah, just blowing in the breeze
Wild honey
Wild, wild, wild

I'm still standing, I'm still standing
Where you left me
Are you still growing wild
With everything tame around you?

I send you flowers
Cut flowers for your hall
I know your garden's full
But is there sweetness at all?

If you go there, go with me
Wild honey
Won't you take me, take me please
Wild honey
Yeah, swinging through the trees
Wild honey
Wild, wild, wild

domingo, 29 de dezembro de 2013

Requiem

Se eu pudesse te dedicar qualquer coisa entre tantas, eu te dedicava este amanhecer. São 6 horas da manhã e a claridade começa a dar o ar da graça no Leme.

Tendo, afortunadamente, ficado trancada do lado de fora, eu te dedico a solidariedade do porteiro, que guardou minhas sacolas e minha bolsa.

Eu te dedico o desjejum da padaria recém-aberta, com suco de laranja, pão na chapa com manteiga e café preto no copo. Acho que o melhor desjejum que já tive.

Eu te dedico a genuína felicidade das duas putas na mesa da frente, depois de uma noite de muito trabalho ou talvez nem tanto, afinal, elas parecem realmente felizes.

Te dedico os jovens bêbados correndo e tirando fotos em direção ao mar. Te dedico a grande bola de fogo acordando em cima da água.

Te dedico as ondas que lambem minhas pernas. A espuma branca e a areia fofa.

Te dedico o olhar assustado da senhora por quem passei, que em muito me lembrou o teu olhar.

Te dedico o caminho até a pedra, as algas e os mariscos. Te dedico as flores para iemanjá, jogadas na praia.

Te dedico o banho do beagle, desesperado de medo das ondas, enquanto o seu dono o incentiva a nadar. E os bigodes da vira-lata contente por se saber livre.

Te dedico os passos de volta, olhando para o horizonte, Copacabana se iluminando.

Te dedico a vivacidade da velhinha de bengala, na pista dos ciclistas. A malandragem dos ambulantes e o sono da moça da farmácia, desanimada com minhas compras a esta hora da manhã.

Te dedico a gentileza do fiscal do supermercado ao levantar as grades e também as frutas, o pão quentinho e o bolo de laranja que comprei para meus anfitriões.

Te dedico, acima de tudo, o sorriso da linda menininha, de mãos dadas com o pai, no caixa. O sorriso puro dos filhos que nós nunca iremos ter.

Te dedico a serenidade dessa manhazinha no teu descanso. Espero um dia te ver novamente e viver contigo um amanhecer como este.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O valor de um joelho torto

Eu curto um joelho.
Nada mais bonito que um joelho masculino, peludo.
Depois vem aquela panturrilha e o pé.
Só não é mais bonito que a Ilha Grande.
Que barriga tanquinho o quê!
Não existe homem bonito sem joelhos, umas panturrilhas e pés bonitos.


Homem que usa sandália, para mim, já tem o paraíso garantido.

Esse homem abaixo nada tem a ver com o post, só botei porque achei lindo.



Música-símbolo

E a música-símbolo do meu blog foi dissecada.
Ou o contrário.
Ouçam, babem e tenham pena de si mesmos por não terem essas vozes.



terça-feira, 15 de outubro de 2013

Deus ex machina

Ao longo dos meus 39 anos, eu sempre percebi um julgamento feminino e masculino em torno da fertilidade alheia. Fertilidade essa que é quase que diretamente ligada à faixa etária. 

Namorei dois homens que contabilizavam o meu relógio biológico, fazendo pressão para que eu soubesse que eles queriam filhos DEPOIS, mas que, provavelmente neste DEPOIS, eu não mais poderia ser a reprodutora. 

Nunca quis ter filhos e, para esses rapazes, minha opinião, meu corpo e minha vontade não mandavam em nada. Eles estavam à procura de um útero, não de uma mulher. De um deles, eu ouvi que ele estava com 30 e eu com 35. Mas ele só iria querer ter filhos quando tivesse uns 40, logo, eu iria ter 45. Provavelmente, não seria comigo que teria filhos. "Mas até lá, eu arranjo uma garota para ter filho com ela". 

E o corpo da Bia, esse ser composto de peitos, côxas sem risca, bunda e xexeca, seria jogado fora. Cumplicidade, sentimentos, vivências, aprendizados, nada disso valeria a pena diante de um útero novinho em folha. 

Tenho um amigo que endossa esse raciocínio e quer me provar por A + B que eu estou tentando combater uma lógica darwiniana. Já outro, disse que isso é coisa de brasileiro que é um povo machista e atrasado. Eu penso que a mulherada tem muito a conquistar ainda, principalmente no que diz respeito aos seus próprios corpos.

E isso inclui o direito de não poder ou não querer ser mães. E não serem menos admiradas, amadas e respeitadas por isso.