sábado, 16 de maio de 2009

Iniciais BR

Muitos assuntos.
Primeiro: acabo de pegar um álbum de fotos da época do segundo grau. Lembram daqueles episódios de Friends que mostram eles no passado? Pois é! Tem o nariz da Rachel, a mufa do Ross, o topete do Chandler, a gordura da Monica e a sobrancelha da Beatriz.
Lastimável.
Eu ia levar uma foto para mostrar para meus colegas de trabalho, mas desisti. Aquilo não era uma sobrancelha, era uma deformidade. Como que uma mãe deixa aquilo na cara da filha? Sério, se eu vier a ter uma prole, vou tratar de levar todos numa esteticista assim que despontarem os primeiros cabelos em cima dos olhos. Ao menos elas ficavam claras no verão. Vai ver era por isso que eu gostava de verão.
Fora as quilhas na região da testa, ainda havia o moleton, a calça baggy e o moleton para dentro da calça baggy. E o cabelo com suporte para fazer "cachinhos" (cachinhos é ser otimista, aquilo fazia uma garapinha na pessoa). Ainda bem que a pessoa adquire alguma noção de estética com o decorrer dos anos.
Aos 18, eu fui apresentada para a pinça e minha vida mudou. Aos 22, conheci a escova. É engraçado, mas parece que as adolescentes de hoje têm mais acesso à informação, ao dermatologista, aos salões de beleza, etc. Lembro das filhas da minha dentista, que faziam chapinha aos 8 anos. Eu achava um absurdo. Retiro: se filhas tiver, elas vão fazer chapinha e sobrancelha aos 2. Nada é mais convincente que essas minhas fotos de adolescência.

Minha sereia favorita
Em 2002, o primeiro post do Old Fashioned Word azul com letrinhas miúdas trazia ela. My beloved Brigitte. Alguma coisa no jeito de ela ser me fazia me identificar. A ponto de meu terapeuta me pedir pra citar uma mulher que eu admirasse (surpreso de me ouvir dizer que eu não admirava nenhuma) e eu pensar bem e falar: Brigitte Bardot.
Daí, eu tive a felicidade de assistir ao documentário sobre ela que a GNT exibiu, nesse ano da França no Brasil.
Foi nessa terça-feira à noite, quando eu tava sozinha no quarto do meu hotel, em Curitiba. Bardot me fez companhia. Uma BB velha, mas ainda muito boneca. Me desculpem as críticas mais ferrenhas à falta de beleza feminina, mas Bardot não é, ao contrário do que dizem, uma velha feia. Ela guarda um sorrisinho de criança, traz florzinhas no cabelo e um coração maior do que da maioria das pessoas por aí.
Bardot luta pelos animais. E ela costuma dizer que deu sua juventude e beleza paa os homens, portanto, pretende dar sua sabedoria para os animais. Ela hoje também tem uma inteligência superior.
BB sofreu pra burro, como nunca vi alguém sofrer as agruras da fama. Ela tinha uma vida claustrofóbica. As pessoas não a deixavam respirar. E ela era uma planta selvagem, precisando de ar. Ela não nasceu pra ser mãe e tentou o suicídio várias vezes. E ela encontrou a redenção na natureza.
O ponto mais alto do documentário me fez assinar BR, embaixo de BB. Ao ser questionada pelas suas atitudes avançadas para a época, que a configurariam como uma feminista, BB respondeu: "Eu nunca fui feminista. Eu sou machista. Eu amo os homens".
Eu creio que reclamo muito dos homens. Acho eles fracos, infantis, tapados, teimosos, obtusos. Mas eu simplesmente os amo - daí vem essa de eu não gostar das mulheres. Realmente, eu encaro a maioria das mulheres como rivais sem caráter. Eu encho a boca pra dizer: tirando as mulheres da minha família mais próxima e as amigas que escolho a dedo, é tudo da pior espécie. Na verdade, assim como Brigite, vejo uma humanidade da pior espécie.
No entanto, o mundo nos dá Brigitte. E eu agradeço por existirem mulheres que nem ela. Que nos presenteiam com autenticidade, liberdade, elegância e um pouco de bondade. E Deus criou BB.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O Jóvem


O contra-ponto do Véio abaixo é o jóvem.
Eu não conheço um jóvem-personagem igual ao Véio-personagem.
Mas conheço vários jóvens-padrão.
O jóvem despreza tudo que não é jóvem.
O jóvem não tem 18, ele tem 20 e poucos anos.
O jóvem é comuna, mas não sai de casa sem uma camiseta do Che Guevara de marca.
O jóvem não tem preconceitos, mas experimente ter menos de 20 e mais de 29 pra ver se ele não cuspiria em você.
O jóvem sempre entende tudo de música, de cinema, de política. E ele acha que tem muito mais experiência que o resto da humanidade.
O jóvem só anda em bandos, o mundo é muito pequeno-burguês para um jóvem solitário.

O jóvem tem cura, ele vai ter 30 anos um dia. A não ser que ele seja o James Dean, que foi condenado a juventude eterna.
Mas o James Dean nasceu velho. Tinha uma solidão de velho de asilo.
Eu já fui jóvem e fui um saco.
Se eu me conhecesse quando eu era jóvem, eu me virava de bunda pra cima e me dava uma tunda de laço.
Mas um dia eu vou falar dos adolescentes de 30 e poucos, nos quais eu me incluo e nos quais eu também daria uma tunda de laço.
A humanidade não está salva de uma boa sova em nenhuma faixa etária.