segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Véio


A pedidos, vou escrever aqui sobre o Véio.
O Véio é um personagem muito importante na minha vida, na do Paulo Dzi, na dos guris da arquitetura e até acho que inspirou a risada catarrenta do Halpern.
O mais importante do Véio é que ele realmente existe e transcende até a nossa própria imaginação.
O Véio é a entidade que monitora nossa academia sagrada do meio dia.
A academia tem várias vantagens como o baixo preço e a proximidade do local de trabalho, além dos dois chuveiros com água quente do banheiro feminino (os outros dois são estragados).
Das 5 esteiras da academia, 3 funcionam de maneira esdrúxula, uma funciona muito mal e uma não funciona at all.
Daí, tem 4 bicicletas ergométricas do tempo de Calígula e uns ferros que os marombas se digladiam para puxar.
E tem o Véio.
O Véio é um véio típico. Ele conta sempre as mesmas histórias e faz piadas que ninguém acha graça, mas ele por si só é paixão nacional.
Se você vai com fones de ouvido para correr ouvindo um sonzinho, aí é que o Véio te pega de jeito. Adeus respiração ritimada, concentração, contagens. O Véio vai te contar a história da mulher que corria com passadas largas, era policial, bonita sem ser magrela - era sarada - que usava a esteira durante uma hora à noite, sem falar com ninguém.
Em respeito à presença das mulheres, entre as quais a própria filha do Véio, ele não solta a risada catarrenta do Halpern para comentar os atributos desta das passadas largas, que há de ser seu maior símbolo sexual.
O Véio é um exemplo de sucesso para mim. Ele faz o que gosta, paquera discreta e inocentemente um bando de mulher sem ser antipatizado - talvez isso incomode apenas à patroa do Véio, que também é uma figura - envolveu toda a família no negócio esporte, enrola a gente com esteiras caindo aos pedaços e se diverte horrores.
O Véio também tem um genro, do qual ele fala pelas costas. Como todo genro, o Genro do Véio torce pelo time oposto ao do Véio. Sério, eu já não gosto do Genro do Véio, porque fez mal pro Véio, fez mal pra mim. Não que ele tenha feito alguma coisa de mal pro Véio, mas é bom prevenir.
O Véio dá receitas. As receitas do Véio sempre estão certas, embora o Paulo Dzi duvide. Mas o Paulo Dzi é um guri de apartamento, mesmo sendo de Ijuí, e não reconhece o valor de uma receita de véio.
O Véio mandou o Paulo comer cebola pra curar da dor no pé. Certo que o Véio tá coberto de razão.
Eu tô devendo pro Véio. O Véio só me diz pra pagar depois, mas eu vou pagar na próxima vez que for lá, porque, sabe-se lá se o Véio não vai me cobrar depois em espécie. Se bem que não. O negócio do Véio é dinheiro, porque ele tá fazendo uma casa grande, de um piso só porque, sabe como é, né: diz que tá véio pra subir escada.
Mentira do Véio. Foi só pra contrariar a Patroa. O Véio, dizem, joga futebol muito melhor que os guri da Gádi.
Hoje, a gente leu uma notícia sobre a mãe que vendeu a filha por 10 reau. Daí, pensamos em alguém que venderia a filha e logo achamos o Véio. O Véio, não na vida real, mas na nossa cabeça, venderia a filha e dava a Patroa de brinde. Junto com uma bicicleta ergométrica de Calígula. Não por 10 reau, mas por uns 4 mil, tá valendo.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O lynchiano sonho de Beatriz

Esta noite eu sonhei uma coisa bizarra.
Tudo bem, sonhos bizarros na minha vida não são novidade.
Aliás, minha vida é cheia de bizarrices e, como diz a Cris, eu também sou uma piada cósmica.

Voltando ao sonho, era o seguinte:
Eu tinha escrito aqui no blog algo muito escroto e constrangedor sobre os pentelhos da Claudia Ohana. Não sei exatamente o que era. Mas era alguma coisa extremamente sem-noção.

Sei que o tal post virou polêmica e saiu na Zero Hora. Não sei por que cargas d'água, a Zero Hora publicou meu post na íntegra, me chamou de ameaça social e botou um box sobre eu ter quase destruído o sólido casamento do Bono.

Eu comecei a ser apedrejada nas ruas.
Saía de pijama e de mão com a minha maezinha pequeninha, que me defendia.
O guarda da rua também era apedrejado e sofria ameaças.
O Fábio me largou de mão porque não queria ser apedrejado.
Fui demitida e a Mel não gostava mais de mim.
Minha avó tinha vergonha da neta.
Minha vida virou um inferno.
Tudo por causa dos pentelhos da Claudia Ohana.

A única pessoa que me estendeu a mão, fora a minha mãe e o guarda da rua, foi a Dani (DaniElla). E ela apareceu na Zero Hora logo depois, como cúmplice.

Hoje eu fui ler na Zero Hora e não saiu nada sobre mim, nem mesmo nas páginas policiais.


Você e sua "beleza selvagem"

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Bota pra escrever!


Alguém manda os meus neurônios e os meus dedinhos voltarem a salpicar o cyberspace?
Estou totalmente em crise criativa.
Devem ser as mil opções de chamadas para os clientes que estão tirando minhas idéias.

Ontem eu vi Saia Justa e me lembrei de mim, dos meus personagens, da minha ganinha feminista. Me deu nostalgia do blog e de quando eu tinha mais bala na agulha para angariar fãs das minhas palavras.

Será que foi a reforma ortográfica que me anulou?

Na verdade, eu culpo um pouco o excesso de companhia e o pouco tempo para a necessária solidão.
Não, não me entendam mal, todos que me acompanham são bem-vindos. Só que antigamente, eu trabalhava de uma maneira mais solitária, por mais colegas queridos que vivessem na volta.
É que ultimamente, meu sistema de trabalho mudou. Requer mais trocas, mais brains coletivos, menos pesquisa e introspecção.

Para os meus amigos daqui, eu peço just a little patience. Eu, aquela que mais condena o excesso de perfeição, não acho justo desempenhar ao mesmo tempo e impecavelmente os papéis de mãe, mulher, dona de casa, amante, workaholic, top model, sarada de academia, intelectual ávida. Também acho complicado ser publicitária, jornalista e redatora egocêntrica de blog no mesmo turno.

Quando eu comecei, lá em 2002, no saudoso Love is an old fashioned word de fundo azul e letrinhas miúdas, eu era uma garota de 2o e tantos anos, recém-saída de um relacionamento de final traumático, que ganhava muito pouco e trabalhava muito, mas ainda assim com endorfinas necessárias para sair do emprego direto para as raves.

Além da falta de pique, o que me diferencia dessa Bia de 2002 é o então excesso de solidão em que eu vivia. Já não era a solidão necessária, era a solidão profissional, quando o lugar em que a pessoa trabalha é uma ilha e ela não pode trocar idéias. E eu tinha eco.

Um eco delicioso de pessoas com quem me identificava horrores.

De alguma forma, muitas dessas pessoas sumiram. Não sei se cresceram e não têm mais disposição para prazeres menos nobres, ou se realmente não podem - por motivos físicos e profissionais - ler e comentar.

O bizarro, é que vendo as estatísticas do blog hoje, sei que ele é muito mais lido do que nas outras épocas. E por pessoas de lugares muito mais distantes. Tenho um leitor assíduo no Qatar. Dois em diferentes cidades do Canadá. Um sueco.

Mas sorry gente, cancerianos dependem de elogios para continuar e de críticas construtivas para impulsionar. Sem comentários, sem empatia, não há como ter inspiração. Gostaria do eco de outrora, evoco o muso inspirador neno, que nunca mais me importunou com seus comentários desprovidos de sentido, que só eram suplantados pelos comentários incoerentes da Luísa.

Ei, não que os comentários dos leitores atuais não sejam mais do que importantes. Mas, desculpem, hoje eu estou saudosista. Estava na cidade dos interiores marrom-cocô. Voltei agora de Brasília. Alguma entidade bizarra dispõe que sempre que eu pegue um avião de Brasília para Porto Alegre, eu reencontre alguém que passou pela Famecos.

Hoje, foi o Eduardo. Meu colega de poltrona, entre eu e o Valpírio. O Eduardo era meu amigo, na época em que fazíamos Publicidade. Involuntariamente, virou personagem de várias histórias da Vida Como Ela Deveria Ser, uma série de contos que eu fiz, explicitamente chupada do Nelson Rodrigues. Se não me trai a memória, o Eduardo era sempre escalado como narrador. Ele nunca participava das patifarias que eram atribuídas aos meus outros contemporâneos nesses contos.
Foi gratificante rever esse antigo amigo e constatar que hoje ele é um bem-sucedido pai de um menino de 8 anos.


Resumo da ópera desse post:


Quando acessarem e lerem, comentem. Nem que seja para me mandar à merda. Podem me dar sugestões e desafios também. Vamos sacudir isso daqui.