Um monte de bobagens direto da cabeça oca de uma eterna pós-adolescente que não tem horas de folga.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
O crioulo do Grapete ataca outra vez
Mulher gorda se acha gorda. Mulher gostosa se acha gorda. Mulher seca se acha gorda. Então, tanto faz né? O mundo deveria ter menos espelhos e mais diversão.
Como no mito da caverna, o mundo se assiste nos reflexos da mídia, seja ela antiga ou nova. Pouca gente se lembra de se sentir realmente feliz. O importante é tentar legitimar uma pretensa felicidade através de uma foto ou de uma confirmação de presença em algum lugarzinho hype.
Eu inclusive. Você inclusive.
Mas dá para vislumbrar alguma lucidez em futuro próximo. Tá tudo tão saturado de perfeição, de photoshop, de juventude, de casaizinhos nhénhénhé, de falsa felicidade que enjoou. Vieram lá do hemisfério norte os primeiros sinais dessa náusea à estética do sem defeitos. E tá tomando de assalto. Ainda bem.
Não sou hipócrita como anúncio da Dove - desculpem uxxx fuxxquinhaxx, mas eu acho uó aquela autoaceitação forçada. A beleza sempre foi valorizada e sempre será almejada. O que tá errado é querer forçar a barra e obrigar uma Zilu Camargo a virar Gisele Bündchen. Gisele ganha por ser e se conservar bela. Zilu pode se ajeitar um pouquinho, mas NUNCA será um exemplo de mulher bonita e who cares? Deixa ela ser feia e feliz.
Deixa a gordinha ser gordinha. Ela pode ser bonita gordinha - e tem um monte de gordinhas realmente bonitas. Deixa a destetada ser destetada. Carolina Ferraz não tem peito e é muito mais bonita que a Danielle Winits que possui bolas de basquete de plástico e não sabe pra que lado do rosto fica seu nariz.
O feio é essa padronização, essa falta de autenticidade, essa obrigação de ser rycah, sexy, inteligente, tetuda, seca, lisa. A cobrança parece pesar mais nas mulheres, mas darling, olhem os homens da novela das 8!!! Quem tem um namorado fora daquele padrão há de querer botar um travesseiro na cara, outro no abdomen e outro nas canelas do coitado para poder sentir tesão.
Fora a obrigação de ser feliz a qualquer custo. Porque, né. Quem não é uhulll 100% do tempo é loser!!!! Não que eu não ache que devia ser obrigatório botar paroxetina nos reservatórios de água. Mas é que isso - antidepressivos - é uma condição sine qua non em uma sociedade tão cobrada, tão cheia de culpa, tão deprimida, tão pouco sexy como a nossa.
Nelson Rodrigues previu anos brochas desde o crioulo do Grapete. Ele tinha razão. O mundo nunca foi tão plástico e tão assexuado.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Vita brevis
Não é de hoje que a fotografia é uma das melhores formas de story
telling já inventadas. É chover no molhado, mas eis aqui um caso exemplar de que
imagens valem mais do que mil palavras e valem ainda mais cada
sentimento que provocam.
Essa é a história de Vibe, uma garota dinamarquesa diagnosticada com câncer no cérebro, que teve sua vida e morte acompanhadas pelo fotógrafo Thomas Lekfeldt. Depois de ver isto, dá uma olhada na sua própria vida, mesmo que ela esteja uma merda, e pare para pensar porque cada segundo conta.
http://www.thomaslekfeldt.com/portfolio_detail.php?ID_serie=20
Essa é a história de Vibe, uma garota dinamarquesa diagnosticada com câncer no cérebro, que teve sua vida e morte acompanhadas pelo fotógrafo Thomas Lekfeldt. Depois de ver isto, dá uma olhada na sua própria vida, mesmo que ela esteja uma merda, e pare para pensar porque cada segundo conta.
http://www.thomaslekfeldt.com/portfolio_detail.php?ID_serie=20
Já é vintage blogar?
Desde que nao junte pó, eu volto.
Por causa do pó - aquele doméstico, não a manga rosa - nos últimos dias, fiz um movimento contrário ao dos hipsters portoalegrenses e joguei fitas cassetes, fitas de vídeos e todo e qualquer lixo eletrônico para a reciclagem.
Tenho visto muita coisa sobre acumuladores e venho de uma família de vários.
Esta coisa tem um nome mórbido, que é Síndrome de Miséria Senil. Como eu gosto de dizer, só não jogo fora o que tem rosto - isso inclui livros, mas não revistas. Inclui bonecas e, bizarramente, algumas camisetas.
Sou tão anticanceriana neste ponto, que gostaria de habitar um quarto igual ao do Vargas no Catete. Aquela coisa catre.
Por que acumular fisicamente se podemos digitalizar tudo? E esse tudo para mim só não inclui livros.
Sou adepta do mp3. Não fiz transição do LP pro CD. Pulei direto pro e-Mule. Mas livros não, livros eu preciso ter uma relação carnal com eles.
Eu aceito o novo com muita facilidade a acho que, por incrível que pareça, a humanidade está melhorando. Não, você não está livre de um bando de merda. Eles seguem por toda a parte, só que andam sendo confrontados com um espírito crítico ainda incipiente, mas jamais visto na história.
Mesmo que tenha muito ruído. O ruído é proporcional à quantidade de informação. Se havia lixo físico, hoje o lixo é mental.
Mas se há lixo, se há nome pra isso, é porque existe a percepção de que tem que ser jogado fora.
Este post assim tão Sandra de Sá, na época que era só Sandra Sá, a esta hora da madrugada, acho que tá me mandando jogar alguns sentimentos no lixo.
Apego ao passado envelhece, apodrece.
Fantasmas tenebrosos merecem ser exorcizados.
Esses dias, eu dizia que os Smiths criaram uma geração de incapazes de amar. Cumpadi Uóshinton não era lírico e iluminou a infância de muitas pessoas otimistas que estão aí, vendendo saúde e normalidade. Enquanto os filhos de Manchester padecem de eterna carência afetiva sem causa.
Muito eu critiquei o gosto da classe C e olha ela aí, ditando moda, nos fazendo sentir todos como suburbanos rodrigueanos.
A não ser, é claro, os portoalegrenses cool. Estes pairam acima das castas e da Carminha, embora sempre "acidentalmente" passem por algum capítulo de novela para poder falar mal.
Então tá. Prontos para a faxina verbal que só levanta mais o cheiro do ralo? Quem estiver afim de chafurdar na podridão das almas, sinta-se convidado a voltar à leitura deste blog que hoje retorna, direto da boca do lixo.
Por causa do pó - aquele doméstico, não a manga rosa - nos últimos dias, fiz um movimento contrário ao dos hipsters portoalegrenses e joguei fitas cassetes, fitas de vídeos e todo e qualquer lixo eletrônico para a reciclagem.
Tenho visto muita coisa sobre acumuladores e venho de uma família de vários.
Esta coisa tem um nome mórbido, que é Síndrome de Miséria Senil. Como eu gosto de dizer, só não jogo fora o que tem rosto - isso inclui livros, mas não revistas. Inclui bonecas e, bizarramente, algumas camisetas.
Sou tão anticanceriana neste ponto, que gostaria de habitar um quarto igual ao do Vargas no Catete. Aquela coisa catre.
Por que acumular fisicamente se podemos digitalizar tudo? E esse tudo para mim só não inclui livros.
Sou adepta do mp3. Não fiz transição do LP pro CD. Pulei direto pro e-Mule. Mas livros não, livros eu preciso ter uma relação carnal com eles.
Eu aceito o novo com muita facilidade a acho que, por incrível que pareça, a humanidade está melhorando. Não, você não está livre de um bando de merda. Eles seguem por toda a parte, só que andam sendo confrontados com um espírito crítico ainda incipiente, mas jamais visto na história.
Mesmo que tenha muito ruído. O ruído é proporcional à quantidade de informação. Se havia lixo físico, hoje o lixo é mental.
Mas se há lixo, se há nome pra isso, é porque existe a percepção de que tem que ser jogado fora.
Este post assim tão Sandra de Sá, na época que era só Sandra Sá, a esta hora da madrugada, acho que tá me mandando jogar alguns sentimentos no lixo.
Apego ao passado envelhece, apodrece.
Fantasmas tenebrosos merecem ser exorcizados.
Esses dias, eu dizia que os Smiths criaram uma geração de incapazes de amar. Cumpadi Uóshinton não era lírico e iluminou a infância de muitas pessoas otimistas que estão aí, vendendo saúde e normalidade. Enquanto os filhos de Manchester padecem de eterna carência afetiva sem causa.
Muito eu critiquei o gosto da classe C e olha ela aí, ditando moda, nos fazendo sentir todos como suburbanos rodrigueanos.
A não ser, é claro, os portoalegrenses cool. Estes pairam acima das castas e da Carminha, embora sempre "acidentalmente" passem por algum capítulo de novela para poder falar mal.
Então tá. Prontos para a faxina verbal que só levanta mais o cheiro do ralo? Quem estiver afim de chafurdar na podridão das almas, sinta-se convidado a voltar à leitura deste blog que hoje retorna, direto da boca do lixo.
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